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Fórum Data Favela divulga a pesquisa “As Faces do Racismo”, em webinário

O evento serviu para ampliar as discussões sobre o racismo e a desigualdade em tempos de pandemia

O primeiro Fórum Data Favela em webinário com a organização da CUFA, do Instituto Locomotiva e da UNESCO do Brasil apresentou os dados inéditos da pesquisa “As Faces do Racismo”, realizada pelo Instituto Locomotiva e encomendada pela CUFA e serviu para ampliar as discussões sobre racismo e desigualdade em tempos de pandemia.

O Fórum foi aberto com o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, e o fundador da CUFA, Celso Athayde, apresentando os dados da pesquisa, que depois foram comentados e analisados pela Diretora e Representante da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto; o presidente da CUFA Global, Preto Zezé; a presidente e fundadora da Feira Preta, Adriana Barbosa, a representante do Frente Favela Brasil Anna Karla Pereira; e os atores Bruno Gagliasso e Hélio de la Peña.

A pesquisa aponta que 94% dos entrevistados acreditam que negros têm mais chances de serem violentados ou mortos pela polícia, e 91% entendem que um branco tem mais chances de conseguir em emprego que um preto.

Dentre os principais dados apresentados no webinário estão o fato de que, durante o período de isolamento por conta do Covid-19, 4 a cada 10 negros brasileiros afirmaram ter faltado dinheiro para comprar comida; apenas 29% dos negros tinham algum tipo de reserva financeira quando a pandemia começou.

Outra grande diferença que a pesquisa mostra é na questão da valorização no mercado de trabalho. De acordo com o estudo, trabalhadores não negros ganham, em média, 76% a mais que os negros. Os trabalhadores negros ganham, na média, R$ 1.764,00, enquanto os não negros R$ 3.100,00. Quando comparados os salários máximos de cada um, a diferença se agrava: Enquanto 95% dos brancos ganham no máximo R$ 10.187, 95% dos pretos ganham até R$ 4.591. Quando perguntados sobre a cor do seu chefe, 66% disseram que foi chefiado por um branco.

Celso Athayde destacou que “A primeira coisa é que temos que reconhecer é que somos diferentes. Para que nós negros, que somos maioria, possamos tirar proveito dessas diferenças e equalizar o nosso lugar na sociedade. Para que um dia a gente possa então parar de largar em desvantagem nessa corrida”.

Ao apresentar a pesquisa, Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva observou: “Ganho mais do que um negro com 42 anos. Ganho muito mais do que uma mulher negra com 42 anos. Ganho mais porque na ‘corrida dos 100 metros’ eu queimei a largada! Isso significa que a cor da minha pele e o fato de ser homem, fez com que saísse na frente na luta do chamado ‘vencer na vida’. Isso reflete os dados apontados na pesquisa que escancaram a desigualdade racial no Brasil”.

“É urgente promovermos esse debate, com dados concretos como os que nos traz o Instituto Locomotiva, que mostram a desigualdade e o racismo estrutural da sociedade brasileira. Precisamos investir em uma agenda de inclusão e da igualdade. A educação e a cultura têm um papel transformador neste processo e podem contribuir para mudar significativamente a realidade. Precisamos fortalecer as políticas públicas de inclusão e combate ao racismo, inclusive com ações afirmativas. Temos o compromisso de construir uma sociedade inclusiva, onde ninguém seja deixado para trás”, sublinhou Marlova Noleto, Diretora e Representante da UNESCO no Brasil.

“Passo a me reconhecer negra pelo olhar do outro. Desde a época da escola. Então me engajei no movimento negro e na cultura negra, através do audiovisual, então a busca pela representação negra começou a pautar minha vida, fazendo com que eu me tornasse uma grande empreendedora da cultura e da representatividade negra. Com esse tipo de busca, vejo cada vez mais jovens negros, principalmente nos grandes centros urbanos, com uma maior autoestima, em relação a sua cor de pele. Precisamos falar sobre o legado que essa juventude com consciência pode nos trazer. Como essa juventude vai reconstruir o nosso futuro”, Adriana Barbosa, refletiu fundadora da Feira Preta.

“Quero colaborar para ampliar o debate sobre as questões que envolvem o racismo. Ao acompanhar os dados da pesquisa As Faces do Racismo, senti dor, raiva por nota que esses dados estão entre nós há muito tempo. Sinto que as pessoas ainda não acreditam nem notam o que continua acontecendo. Anseio por ações concretas contra o racismo. Quero ajudar nesse sentido. Hoje tenho dois filhos negros e em breve terei um filho branco. Quero propagar a todos os três que somos iguais”, desabafou o ator Bruno Gagliasso.

“Creio que a educação é a melhor ação concreta para que as pessoas passem a entender o racismo. Digo isso, porque minha mãe foi uma professora que me orientou a estudar e foi através da educação que conquistei aprendizado e tornei-me uma exceção no contexto do racismo. Mas, reforço que não precisamos pensar na exceção, mas sim no racismo como um todo”, sublinhou Hélio de la Peña.


Link do webnário: https://www.youtube.com/watch?v=jNbwvIGvWhs&feature=youtu.be

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